quarta-feira, 15 de julho de 2015

Obrigado Chico...

Obrigado Chico...

Ramiro Gama



Estava o Chico parado defronte do correio, conversando com seu irmão André, quando um guarda policial passa-lhe por perto e, colocando o braço direito sobre seu ombro, lhe diz:
— Muito obrigado, Chico!
E foi andando.
O Chico ficou intrigado com aquele agradecimento. Não podia atinar com sua causa.
À tarde, ao regressar do serviço, viu defronte a um bar um bloco de trabalhadores da fábrica e, no meio deles, o guarda que o abraçara pela manhã. Passou mais por perto e observou que o guarda tentava desapartar uma briga entre dois irmãos que se malquistaram por coisas de somenos. O guarda, vendo inúteis seus esforços e porque a discussão já se generalizava envolvendo todo o bloco, tirou da cintura o revólver e ia usá-lo para impor sua autoridade.
O Chico mais que depressa chegou-lhe perto e pediu-lhe:
— Calma, meu irmão.
O guarda voltou-se contrariado, mas reconhecendo o Chico, como que envergonhado do seu ato, exclamou:
— Muito obrigado, Chico!
Controlou-se, usou da palavra, aconselhou e o bloco foi desfeito com o arrefecimento dos ânimos...
À noite, indo o Chico para o “Luiz Gonzaga”, encontrou-se com o guarda:
— Chico, ia procurá-lo e agradecer-lhe, muito de coração, o bem que você me fez, por duas vezes.
— Por duas vezes? Como?
— Anteontem sonhei com você, que me dizia: “Cuidado, não saia de casa carregando
arma à cintura como sempre o faz. Evite isto por uns dias. Por isto é que lhe disse, hoje, pela
manhã: “Obrigado, Chico!” Referia-me ao sonho, ao seu aviso. Mas esqueci-me de atendê-lo, pois saí armado e, se não fosse o concurso de nossos amigos espirituais na hora justa teria feito hoje uma grande asneira, poderia até ter matado alguém... Mas a lição ficou, Chico.
— Muito obrigado, Deus nos ajude sempre!...



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