quarta-feira, 30 de abril de 2025

Confiemos, servindo

Confiemos, servindo

Leopoldo Cirne


Asseveras que na Terra atual não há mais cabimento para o ensino religioso do Espiritismo, minudenciando as elevadas conquistas da técnica em todos os departamentos do mundo.

Todavia, nunca se fez tão premente, quanto nos dias que passam, a ideia religiosa capaz de doar, às consciências entorpecidas na negação, a fé raciocinada e a confiança consoladora.

Dotados de preciosa cultura e multímodas invenções, notáveis recursos de conforto e transcendentes avanços industriais e artísticos, os povos maiores por seus maiores líderes, quais ceifeiros da morte, prometem ameaçadoramente à Humanidade a obsessão indiscriminada e a volta aos instintos primários honorificando a carnificina no orgulho sem lógica e no egoísmo sem peias.

Vaticinam, não mais batalhas que se retraem hoje para avançar amanhã... Auguram destruições instantâneas, maciças, irrevogáveis...

Profetizam, não mais as escaramuças em retaguardas e frentes, mas a guerra integral que aniquila a vida de agora, desfaz as conquistas pretéritas e entrevece o futuro, no delituoso propósito de extirpar as raízes da espécie humana e empeçonhar os próprios ninhos planetários que se avizinham de nós.

Asseguram a corrupção da chuva simples e benfeitora, transformada em agente da morte invisível, no prélio sinistro onde não só os vivos arrasariam, porquanto até mesmo cadáveres e escombros continuariam exterminando vidas como repositórios inapercebidos do terrificante miasma atômico.

Anunciam a moradia terrestre subvertida por assalto irremediável de imensos cogumelos venenosos a mumificarem países e a esquartejarem continentes, no grande ciclo de insofreável pavor.

Predizem, além das trincheiras das discussões na discórdia fria, a desvairada segadura das vidas nas hecatombes do suicídio coletivo, a fazerem descer insensatamente, sobre o Globo, a noite fumenta da loucura em que se repoltreiam as Inteligências das trevas.

Prenunciam o embate sem vencedores, a oficializar pesadelos em dilúvios radioativos, sem refletir que toda sementeira de ruínas traz inevitável colheita de Espíritos dementados, a pesarem na economia mental das criaturas.

Pressagiam apoteoses apocalípticas, aspirando a fazer da Terra imenso obus — bombarda viva da morte —, para canhonear pretensiosamente o próprio Criador.

Em razão disso, importa reconhecer que o homem — cérebro de gênio e coração de bárbaro —, embora içado ao pináculo da grandeza material, ainda nem sabe ao certo o que não sabe, pois ignora a extensão da própria ignorância, ante a excelsa magnitude do Universo de que é parte integrante.

Eis porque, a pregação religiosa do Espiritismo antídoto humilde, mas poderoso, ao pânico e à demência, rasga os horizontes da sobrevivência da alma com o sopro da Verdade a varrer a poalha das ilusões, provando ao homem que a conquista maior e mais grave, mais urgente e mais necessária, em qualquer tempo e lugar, é a conquista individual de si mesmo, para o engrandecimento do Bem Eterno.

Confiemos, servindo.

Leopoldo Cirne por Waldo Vieira do livro:
Seareiros de Volta

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.



terça-feira, 29 de abril de 2025

No dia a dia

No dia a dia

Marco Prisco


Adestre a mente com a vigilância necessária ao policiamento das ideias mefíticas.

O pensamento é fio de segurança por onde transitam a felicidade e a desdita.

Substitua da linguagem usual as três palavras: “não posso mais" por três outras: "tentarei outra vez".

O verbo a escorrer pelos lábios reflete o estado d'alma e cria condicionamento vigoroso para a mente.

Pague à vida com honestidade o imposto natural da vida: transformações orgânicas, aflições morais, sofrimentos de várias ordens.

Não há experiência nem sabedoria sem a aprendizagem mediante as disciplinas dos livros da dor.

Considere o insucesso em suas experimentações humanas como fenômeno natural.

Cada erro é lição valiosa que nos ensina o que não devemos fazer outra vez.

Dirija mentalmente as ocorrências que fazem sofrer os que não lhe narram seus dramas e problemas.

Todos, hoje ou amanhã, transitaremos pelos mesmos caminhos.

Habitue-se a uma leitura otimista, diariamente, qual homeopatia salutar para o seu espírito.

O livro superior — e nesse particular, o livro espírita — ainda é o mais precioso e discreto amigo para as necessidades do dia a dia.

Marco Prisco por Divaldo Franco do livro: 
Ementário Espírita

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Considerações sobre a tristeza

Considerações sobre a tristeza

Joanna de Ângelis




Os sentimentos humanos expressam-se de variada forma, com flutuações que determinam o equilíbrio, a saúde mental e emocional ou os estados patológicos, necessitados de tratamento.

A tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea. É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida, à contemplação dos valores vividos e não à melancolia, mas à análise das necessidades reais ainda não expressadas...

Ante a temerária depressão generalizou-se o conceito de que a tristeza, a melancolia e a antiga acédia ou acídia são todas a mesma expressão do sentimento.

A tristeza, porém, é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência, avançando no rumo do júbilo.

A melancolia é um estado de saudade de algo conhecido e perdido ou desconhecido e não experimentado que, em se prolongando, pode transformar-se em depressão.

Enquanto a tristeza convida à viagem interior, propondo avaliação de comportamento e consideração de valores aceitos, a melancolia normalmente é resultado de algum ser querido. No início, é natural que ocorra, no entanto, em se prolongando por algumas semanas converte-se em transtorno depressivo, que necessita de competente tratamento.

A sociedade contemporânea estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos, significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo social e econômico, conquista de posição relevante. Em consequência, há um estereótipo representando alegria, mesmo quando o coração chora e o espírito se debate em conflitos e dores não exteriorizados.

Ninguém pode viver em alegria permanente, o que seria igualmente patológico, uma forma de alienação da realidade, que sempre exige seriedade, esforço e trabalho, a fim de ser vivida em forma edificante.

A frivolidade apresenta-se, quase sempre, em alegria leviana, irresponsável, porque desvia a pessoa das responsabilidades que lhe dizem respeito, flutuando na indiferença entre os deveres e os prazeres.

Não se pode nem se deve afivelar a máscara da alegria televisiva na face, demonstrando um júbilo que não é real, porque o próprio organismo, a cada momento passa por alterações que modificam o humor, convidam ao silêncio, à reflexão, ao refazimento de atitudes.

Quando se tem a preocupação de exteriorizar alegria contínua tal fenômeno caracteriza insegurança, portanto, interesse de teatralizar as emoções.

É normal a tristeza e, algumas vezes, benéfica, pois que faculta um mecanismo de retrocedimento mental para revisão e análise em torno de acontecimentos e vivências que necessitam ser considerados.

Pode acontecer, igualmente, que, de um instante para o outro, perceba-se que aquilo que se está fazendo não é exatamente o que se gostaria de realizar, abrindo espaço para uma certa tristeza, que irá contribuir para refazer experiências e viver-se conforme os novos padrões emocionais.

A felicidade expressa-se no conjunto tristeza-alegria, na condição de ponte que une distâncias aparentemente opostas.

Não são poucos aqueles que possuem os preciosos recursos econômicos, os triunfos sociais e políticos, religiosos e artísticos, ou de outro tipo, experimentando solidão e vazio existencial, que têm origem em reencarnações anteriores.

Não possuindo estrutura moral segura, esse paciente foge para os alcoólicos, as drogas aditivas, o sexo apressado, mantendo o riso e a falsa alegria, parecendo realizado, para logo tombar em estados dolorosos de melancolia e depressão.

***

Na cultura grega a melancolia era considerada, ora como punição dos deuses, noutras circunstâncias, como condição necessária para receber-lhes a inspiração.

Aristóteles, por exemplo, narra que Sócrates e Platão periodicamente experimentavam-na, sendo então por eles inspirados.

Consideramos, neste texto, a melancolia como a tristeza, o recolhimento, a necessidade de silêncio interior, por cujo estado mais facilmente sintonizavam com o pensamento espiritual procedente das Esferas superiores, dos Espíritos nobres que os orientavam.

Leon Tolstoi, o célebre escritor russo, vivenciou uma grande tristeza, que lhe exigiu reflexões profundas em torno do existir, do porvir, do viver. Encontrando-se na melhor fase da sua carreira de escritor, amado por uma família feliz e rico, repentinamente começou a constatar a própria existência, tendo impulsos quase suicidas, que lutou para evitar e corajosamente superou.

Não chegou a entrar em depressão, mas a considerar que os valores até então aceitos e disputados eram vazios, não lhe conseguindo mais preencher o íntimo com reais alegrias.

Depois de grande interiorização, leu o Evangelho de Jesus e nele encontrou a resposta, a verdadeira alegria, mudando o modus vivendi, repartindo a fortuna, os bens, assumindo postura simples e o comportamento de cidadão modesto, tornando-se irmão do seu próximo e dando lugar a uma verdadeira revolução, em face daqueles que o seguiram nessa decisão.

Perseguido pela religião dominante na Rússia, como herege, declarou sua crença no Deus justo, de amor, de misericórdia e de justiça, Pai de todas as criaturas que tinham o mesmo direito de ser felizes na Terra.

Quando o Espírito, que tem sede de paz e de plenitude, descobre que está engessado nos compromissos sociais, atrelado ao relógio que lhe comanda todos os momentos, obrigado a comportar-se de maneira padronizada, livre, mas escravo das imposições dos multiplicadores de opinião da mídia mercantilizada, mais interessada nos mecanismos do consumo do que na criatura em si mesma, desperta desse letargo, dessa ilusão que se permite, experimenta tristeza pelo tempo malconduzido.

Trata-se de uma tristeza saudável e enriquecedora, essa que se manifesta, não como infelicidade, mas como terapia para o excesso de risos e de aparências...

A preocupação que toma conta da sociedade contemporânea em parecer, é tão grande, que se estabeleceram padrões para a beleza, o comportamento, a alimentação, os relacionamentos, as posturas do triunfo e a conquista dos minutos de holofotes...

A tristeza, portanto, tem vez em qualquer comportamento moral, social, religioso, individual, trabalhando o indivíduo para a renovação interior e a conquista de valores mais profundos e significativos do que os existentes e consumidores.

Nada obstante, não se deve cultivar a tristeza como necessária para o discernimento a cada instante ou em toda parte.

Fenômeno psicológico transitório, deve ceder lugar à reflexão, ao despertamento e à valorização dos tesouros morais, culturais e espirituais.

A tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois, psicoterapêutica, de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio, com discernimento do que é lícito e deve ser conquistado.

Muitas vezes Jesus chorou de tristeza contemplando a loucura humana, o seu desequilíbrio, o desinteresse pelo verdadeiro e a ambição pelo mentiroso.

Sorriu, também, quando choraram aqueles que O foram ver no sepulcro, então ressuscitado, como houvera antes muitas vezes chorando.

Mergulhou em tristezas, em muitas ocasiões, quando, por exemplo, buscou o deserto para meditar, quando incompreendido pelos exploradores do povo, quando encontrou o Templo transformado em mercado de interesses inferiores, quando no Horto das Oliveiras...

A tristeza era-Lhe familiar, embora Ele houvesse trazido as boas novas de alegrias para a humanidade.

Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione.

Com esse comportamento estarás experienciando atitudes renovadas.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro: 
Atitudes Renovadas

Curta nossa página no Facebook:


Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.



domingo, 27 de abril de 2025

Prática e teoria

Prática e teoria

Miramez



Prática e teoria são duas forças indispensáveis na nossa jornada de ascensão espiritual. Uma sem a outra é como a noite sem o dia, a fé sem a razão, o homem sem a mulher, o papel sem a tinta, as ideias sem a voz... Deves sempre aliar teoria e prática, ou fundi-las em uma só expressão de vivência, para que o caminho do aprendizado fique mais curto e proveitoso. Cada coisa que te falamos — perdoa-nos se estamos esquecendo a modéstia — já foram por nós submetidas a longas experiências. Esperamos que repitas muitas vezes esse aglomerado de lições sobre a fala, porque os resultados são os melhores possíveis. Ganharás muita esperança e confiança em ti mesmo, para outros trabalhos.

Tudo na natureza fala da necessidade peculiar ao seu reino; o intercâmbio entre a criação não se restringe somente aos homens, cada coisa se entende com a sua espécie, obedecendo assim à lei do seu estado evolutivo. Compete, pois, a nós outros, no esplendor da razão, entender e respeitar a retaguarda, para que as luzes à nossa frente nos tolerem e compreendam, igualmente. Se o nosso objetivo maior é educar, por que esquecermos o tempo com distrações que não se amoldam mais às condições espirituais que já alcançamos? O arado nos espera, e é bom que a nossa visão se ocupe somente com a frente. Se te consideras discípulo da verdade, e se já pulsa em teu coração a ânsia de liberdade, inspira-te também neste tópico evangélico: "E, quanto a nós, nos consagremos à oração e ao ministério da palavra" — (Atos, 6:4).

Paulo falava, com convicção, da necessidade dos seus companheiros se dedicarem ao aprimoramento do exercício da oração e do ministério da palavra. A palavra estruturada nos moldes do Cristo foi, e continuará sendo, semente de luz, água divina, alimento do coração no seio da eternidade. Dediquemo-nos à sua execução, com toda a nossa alma, revestindo-a com toda a nossa alegria, senão amor puro, para que possamos viver com Jesus, na hora de todas as nossas conversações.

Sê ameno no falar e paciente no ouvir; não gastes todo o tempo em que duas bocas podem falar; se precisas de alguém para te ouvir, é de justiça que escutes o que esse alguém tem para te falar. De pequenos consertos no modo de ser, é que poderás ascender aos píncaros das bem-aventuranças. É de pequenas letras do alfabeto que se constitui a gloriosa literatura do mundo. A delicadeza fica mais viva quando é assessorada pelo magnetismo do amor, nos sons da fala. A alegria pura fica mais completa, quando dos lábios afloram a satisfação e o amor mais esplendente, quando a boca registra a sua presença no coração. E então terá confirmada a assertiva do Mestre dos mestres aos Seus discípulos: "O céu está dentro de vós" — (Lucas, 17:21).

O homem evoluído pode perfeitamente viver no céu, onde estiver, desde que tenha alcançado o domínio completo dos seus instintos inferiores. E o estudante que não esmorece sente, de vez em quando, aproximação desse ambiente de luz no centro do seu ser, afirmando assim a sua existência em nós, faltando apenas algumas coisas para o alcançarmos. E é isso que nos incentiva a continuar lutando conosco mesmo. O empenho maior da vida é despertar em nós esses valores imortais, que o Pai nos deu para cultivar. A teoria incentiva a prática e a disciplina, a teoria. A máquina da estrada de ferro corre com segurança sobre dois trilhos. Faze da teoria e da prática os dois trilhos da tua vida, e avança em direção à luz, exercitando as boas práticas todos os dias, sem alarde ou fanatismo, com o bom senso que a grandeza d'alma te confere. E demo-nos as mãos, todos juntos, nesse cântico de amor que todos conhecemos: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos", não somente pensando, como também, falando.

Miramez por João Nunes Maia do livro:
Horizontes da Fala

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.



sábado, 26 de abril de 2025

Baixa Estima

Baixa Estima

Hammed


A criatura materialista precisa crer que é superior, para compensar sua crença na insignificância da existência ou na falta de sentido em que vive.
Complexo de inferioridade consiste em conjunto de ideias que foram recalcadas no inconsciente da criatura em tenra idade, associadas às já existentes pelas experiências obtidas em vidas pretéritas. Ele age sobre a conduta humana, provocando sentimentos gratuitos de culpa, excessiva carga emotiva relacionada a pensamentos de baixa estima, frequente sensação de inadequação e constante frustração em decorrência da desvalorização da capacidade e habilidade pessoal.

Para melhor entendimento de nossas considerações, definiremos o termo “recalque” ou “repressão” como um processo psíquico através do qual recordações, sentimentos, ideias e desejos inaceitáveis ou desagradáveis são excluídos da consciência, permanecendo apenas no inconsciente.

Alfred Adler, austríaco, um dos grandes nomes da psicanálise, médico, psiquiatra e psicólogo renomado, elucidou: “Subentendemos que, atrás das atitudes daqueles que se apresentam perante os outros com uma postura de superioridade, é possível a existência de um sentimento de inferioridade.”

Segundo a psicologia adleriana, cada pessoa possui um “estilo de vida”. Esse estilo é que motiva o indivíduo, através de impulsos sociais, a buscar o seu natural desenvolvimento e aperfeiçoamento. Na teoria de Adler, o “estilo de vida” forma-se na primeira infância e quase não se altera depois. Ele dizia que a maneira pessoal de o indivíduo se comportar, de se vestir, de se expressar ou de falar, ou melhor, sua forma de ser era a consequência desse “estilo” adotado.

Concordando em parte com essa teoria, gostaríamos de acrescentar que o somatório dos múltiplos “estilos de vida” vivenciados nas diversas existências da alma humana, adicionado ao da infância atual, forma a real motivação que vai gerar nossas ações e atitudes. Somos, portanto, nós mesmos quem criamos nossas experiências, podendo assim modificarmos ou não os padrões de nossa vida.

Em muitas ocasiões, as pessoas tentam compensar esse sentimento de inferioridade, adotando formas de viver em que exageram e exaltam a própria personalidade. Tendência à arrogância, delírio megalomaníaco, preferência pela ostentação fazem parte do cortejo daqueles que possuem uma interiorizada depreciação de si mesmos.

Todos nós acolhemos em nossa intimidade não apenas crenças individuais, mas também as que nos foram transmitidas pela família e pela sociedade em vários níveis. Desde um gesto, um olhar ou uma expressão corporal até formas de conduta ou de verbalização, todos nós assimilamos as crenças alheias através de uma comunicação que poderíamos denominar de “contagiante”.

Muitas almas, devido à sua imaturidade espiritual, deixaram-se contagiar por crenças materialistas, no decorrer dos séculos e nos diversos lugares onde viveram. Aceitaram as doutrinas filosóficas que defendem o ceticismo e que atribuem como causa ou origem da vida as propriedades íntimas da matéria. São as “crenças do acaso”, que atribuem a tudo um acontecimento fortuito ou aleatório.

Na Parte I, capítulo I, questão 8, de “O Livro dos Espíritos”, encontramos que seria um absurdo atribuir “a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso (...) A harmonia existente no mecanismo do Universo (...) revela um poder inteligente (...) o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.” (*)

Aprofundando nossas observações podemos considerar que a base de todo complexo de inferioridade inicia-se no materialismo, ou seja, na crença do nada.

Quando cremos que tudo provém do acaso e que nada existe senão o que os olhos físicos conseguem visualizar, iniciamos em nós o processo de inferioridade. Criamos, a partir daí, um “estilo de vida” inconsciente, baseado em que “não somos nada” e, em nossas profundezas, consideramos ser o produto momentâneo do acaso. Rejeitamos a riqueza incomensurável de nosso mundo interior e do Universo e não acreditamos na plenitude da Vida Mais Alta, porque desprezamos a Perfeita Ordem Divina. Ignoramos a essência sagrada que habita em nós e lutamos contra uma suposta má sorte, que nos fataliza a desgastar enorme quantidade de energia, por não reconhecermos as Leis Naturais que regulam tudo e todos.

O poeta e prosador francês François Marie Arouet, dito Voltaire, escreveu com muita propriedade: “O acaso não é, não pode ser, senão a causa ignorada de um efeito desconhecido.”

Quando a pretensão e o orgulho tomam conta de nossos atos, nossa maneira de ser passa a fundamentar-se numa constante supercompensação negativa de nosso sentimento de inferioridade, por acreditarmos que somos, simplesmente, uma “combinação fortuita da matéria”.

A criatura materialista precisa crer que é superior, para compensar sua crença na insignificância da existência ou na falta de sentido em que vive. O ser espiritualizado acredita que
não é pior nem melhor do que os outros, porque percebe e age com seus sentidos voltados para a Eternidade e sabe que cada pessoa é tão boa quanto pode ser, conforme seu grau evolutivo.
No entanto, o materialista prossegue em sua jornada, crescendo e descobrindo que o caminho da felicidade é uma trilha que o leva para “dentro de si mesmo” e conduz até a Fonte Verdadeira, libertando-o da prisão dos sentidos para plenitude existencial.

A providência primeira e essencial, para que possamos nos curar do sentimento de baixa estima ou inferioridade, é a convicção na imortalidade das almas e na pluralidade das existências, somada à crença de que somos seres espirituais criados plenos e completos, vivendo uma experiência humana com o objetivo de nos conscientizarmos dessa nossa plenitude inata. As providências seguintes a serem tomadas deverão ser reflexões sobre as causas de nossos sentimentos de inferioridade, o modo como foram adquiridos e as crenças que os motivaram.

É essencial lembrar-nos de que sempre é possível alterar ou transformar nosso “estilo de ida”. Para tanto, não duvidemos de nossas aptidões e vocações naturais, nem questionemos, sistematicamente, nossas forças interiores. Para obtermos autoconfiança, somente é preciso reivindicarmos, valorosamente, o que já existe em nós por direito divino.

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto 
do livro: As dores da alma

========================
(*) Questão 8 – Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.” 
Nota – A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz, Um acaso inteligente já não seria acaso.
========================

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

No reino da palavra

No reino da palavra

André Luiz


Não grite.

Conserve a calma.

Use a imaginação sem excesso.

Fale com inteligência, sem exibição de cultura.

Responda serenamente em toda questão difícil.

Evite a maledicência.

Fuja a comparações, a fim de que seu verbo não venha a ferir.

Abstenha-se de todo adjetivo desagradável para pessoas, coisas e circunstâncias.

Guarde uma frase sorridente e amiga para toda situação inevitável.

Recorde que Jesus legou o Evangelho, exemplificando, mas conversando também.

André Luiz por Chico Xavier do livro:
Aulas da Vida

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.




quinta-feira, 24 de abril de 2025

A tua parte

A tua parte

Joanna de Ângelis



Há quem diga que a Terra é um “vale de lágrimas”, numa atitude pessimista e recriminatória contra o Planeta que nos serve de colo materno, auxiliando-nos no processo evolutivo.

Algumas pessoas informam que detestam a vida terrestre, somente enxergando, no mundo, aflição e dor, numa constante de ignóbeis tormentos.

Outras insistem em que a existência física não passa de um purgatório infeliz, onde a lágrima e a sombra se unem, compondo uma singular patética de desespero sem fim.

Os que têm, porém, conceitos de tal natureza, encontram-se com uma visão deficiente da realidade.

A Terra é o que dela temos feito, aguardando nosso contributo, a fim de ascender na escala dos mundos.

Escola de almas, é o educandário eficiente, no qual adquirimos sabedoria e experiência viva.

Hospital abençoado, enseja a recuperação da saúde do corpo e do espírito, mediante a terapia do amor e da beneficência.

Lar formoso, recebe os trânsfugas e auxilia-os na fixação dos valores transcendentes indispensáveis à felicidade real.

*

Anota, no teu canhenho de compromissos habituais, o encontro com a dor do próximo, como exercício para a avaliação do sofrimento purificador.

Visita hospitais, de modo a confraternizar com os enfermos, que necessitam de uma palavra gentil, que lhes diminua a aflição, promovendo-os, na soledade em que se encontram.

Realiza uma excursão a um presídio, objetivando levar estímulo aos que ali estão, após o delito em que tombaram.

Experimenta conhecer a necessidade, num bairro pobre, conduzindo amizade e pão a alguém desfalecente nas garras da miséria.

*

Intenta doar um pouco do que te sobra.

Não incumbas a outrem fazê-lo por ti.

Propõe-te realizá-lo e verás o quanto de bem te ensejará o tentame.

É muito melhor e mais ditoso dar do que receber.

Assim procedendo, modificarás a situação dos menos felizes, alterando a face sócio-moral da Terra.

*

Facilmente se podem identificar problemas e desaires, diagnosticar males e misérias.

Importante, todavia, será sanar a face prejudicial das coisas, facultando o aparecimento dos valores positivos que se encontram em toda criatura como em todo lugar, embora ocultos.

O homem é divino investimento do Pai Criador com todas as potencialidades em gérmen.

Auxiliá-lo a desabrochar esses tesouros latentes é o objetivo da reencarnação.

Torna a Terra, pelo seu contributo de amor, o pórtico do reino de venturas, que logo mais se estabelecerá, não aderindo aos conceitos perniciosos e pessimistas em que muitos se estribam para negar-se operosidade e ação beneficente.

Ergue o caído, ajuda o aturdido, socorre o aflito, doa-te à vida e a vida te responderá em dádivas de esperança e progresso superior.

Esta será a tua parte na obra do Pai.

Joanna de Angelis por Divaldo Franco do livro: 
Oferenda 

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.


Devemos publicar tudo quanto os Espíritos dizem?

Devemos publicar tudo quanto os Espíritos dizem?

Allan Kardec
Revista Espírita Nov. 1859



Essa pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes.

Respondemo-la da maneira seguinte:

Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens?

Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há, portanto, Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade. Eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, desatentos e brincalhões; falsos sábios, vãos e orgulhosos de um saber incompleto; hipócritas, malévolos e, o que nos pareceria inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia deste mundo, há sensuais, vilões e devassos que se arrastam na lama. Ao lado desses, assim como na Terra, há seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos e dotados de sublimes virtudes. Como, entretanto, o nosso mundo não está na primeira nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos abrange seres mais avançados intelectual e moralmente do que os nossos homens mais esclarecidos, e outros que estão em situação inferior à dos homens mais inferiores.

Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens e de exprimir os seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser efetivamente o reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios.

De acordo com o caráter e a elevação dos Espíritos, as comunicações poderão ser levianas, triviais, grosseiras e até mesmo obscenas, ou marcadas pela elevação intelectual, pela sabedoria e pela sublimidade. Eles se revelam por sua própria linguagem. Daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e de tudo submeter a um severo controle. Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poder-se-ia fazer uma coletânea muito pouco edificante. Temos sob os olhos uma pequena obra inglesa, publicada na América, que é prova disto. Dela pode-se dizer que uma senhora não a recomendaria como leitura à filha.

Por isso, não o recomendamos aos nossos leitores.

Há pessoas que acham isto engraçado e divertido. Que se deliciem na intimidade, mas que o guardem para si próprias. O que é ainda menos concebível é que se vangloriem de obter comunicações indecorosas. Isto é sempre indício de simpatias que não podem ser motivo de vaidade, sobretudo quando essas comunicações são espontâneas e persistentes, como acontece a certas pessoas. Isto absolutamente não permite que façamos um julgamento apressado de sua moralidade atual, pois conhecemos pessoas afligidas por esse gênero de obsessão, ao qual de modo algum se presta o seu caráter. Entretanto, como todos os efeitos, este também deve ter uma causa, e se não a encontramos na existência presente, devemos procurá-la numa experiência anterior. Se essa causa não está em nós, está fora de nós. Contudo, há sempre um motivo para estarmos nessa situação, mesmo que esse motivo seja apenas a fraqueza de caráter. Conhecida a causa, de nós depende fazê-la cessar.

Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas. Haverá algum inconveniente em publicá-las? Se forem divulgadas pelo que valem, haverá apenas um mal menor. Se o forem a título de estudo do gênero, com as devidas precauções e com os comentários e as restrições necessárias, poderão até mesmo ser instrutivas, na medida em que contribuam para se conhecer o mundo espírita em todas as suas nuanças. Com prudência e habilidade, tudo pode ser dito. O mal está em apresentar como sérias coisas que chocam o bom senso, a razão ou as conveniências. Neste caso, o perigo é maior do que se pensa.

Para começar, tais publicações têm o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de examiná-las e discernir o verdadeiro e do falso, principalmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, que não perdem a oportunidade de tirar desse fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita, porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas notoriamente absurdas. Alguns poderão até mesmo ver uma profanação no papel ridículo que emprestamos a certas personagens justamente veneradas, às quais atribuímos uma linguagem indigna delas. As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem que atitude convém adotar em semelhantes casos. Sabem que os Espíritos zombeteiros não têm o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis, mas sabem também que esses Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar e que não sabem ou não querem destruir suas artimanhas pelos meios de controle já conhecidos. O público, que ignora isto, vê apenas uma coisa: um absurdo oferecido à sua admiração como se fosse coisa séria, e em razão disso diz para si mesmo que se todos os espíritas são como esse, não desmerecem o epíteto com que foram agraciados. Sem a menor dúvida, tal julgamento é precipitado. Vós acusais com justa razão os seus autores de leviandade e lhes dizeis: estudai o assunto e não examineis apenas uma face da medalha. Há, porém, tanta gente que julga a priori, sem se dar ao trabalho de erguer uma palha, principalmente quando não existe boa vontade, que é necessário evitar tudo quanto lhes possa dar motivos para censuras, tendo em vista que se a má vontade juntar-se à malevolência, o que é muito comum, ficarão encantadas por encontrarem o que criticar.

Mais tarde, quando o Espiritismo estiver vulgarizado, mais conhecido e compreendido pelas massas, tais publicações não terão mais influência do que hoje teria um livro de heresias científicas. Até lá, nunca seria demasiada a circunspecção, porque há comunicações que podem prejudicar essencialmente a causa que querem defender, em escala muito maior que os grosseiros ataques e as injúrias de certos adversários. Se algumas fossem feitas com tal objetivo, não teriam menor êxito. O erro de certos autores é escrever sobre um assunto antes de tê-lo aprofundado suficientemente, dando lugar, assim, a uma crítica fundamentada. Eles se queixam do julgamento temerário de seus antagonistas, sem atentar para o fato de que muitas vezes são eles mesmos que revelam seu ponto fraco. Aliás, a despeito de todas as precauções, seria presunção suporem-se ao abrigo de toda crítica, a princípio porque é impossível contentar a todo o mundo; depois, porque há os que riem de tudo, mesmo das coisas mais sérias, uns por sua condição, outros por seu caráter. Riem muito da religião. Não é, pois, de admirar que riam dos Espíritos, que não conhecem. Se pelo menos essas brincadeiras fossem espirituosas, haveria compensação. Infelizmente, elas em geral não brilham nem pela finura, nem pelo bom gosto, nem pela urbanidade e muito menos pela lógica. Façamos, pois, o melhor que pudermos, trazendo para nosso lado a razão e a conveniência, e assim traremos para o nosso lado também os trocistas.

Essas considerações serão facilmente compreendidas por todos, mas há uma não menos importante, pois se refere à própria natureza das comunicações espíritas, e por isso não devemos omiti-la. Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos. As comunicações grosseiras e inconvenientes, ou simplesmente falsas, absurdas e ridículas, só podem emanar de Espíritos inferiores.

O simples bom senso o indica. Esses Espíritos fazem o que fazem os homens que se veem complacentemente escutados. Ligam-se àqueles que admiram as suas tolices e muitas vezes se apoderam deles e os dominam a ponto de fasciná-los e subjugá-los.

A importância que, pela publicidade, é dada às suas comunicações, os atrai, excita e encoraja. O único e verdadeiro meio de afastá-los é provar-lhes que não nos deixamos enganar, rejeitando impiedosamente, como apócrifo e suspeito, tudo aquilo que não for racional; tudo aquilo que desmentir a superioridade que se atribui ao Espírito que se manifesta e de cujo nome ele se serve. Então, quando vê que perde o seu tempo, ele se afasta.

Julgamos ter respondido satisfatoriamente à pergunta do nosso correspondente sobre a conveniência e a oportunidade de certas publicações espíritas. Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento. Esta é, pelo menos, a nossa opinião pessoal, que submetemos à apreciação daqueles que, desinteressados pela questão, podem julgar com imparcialidade, pondo de lado qualquer consideração individual. Como todo o mundo, temos o direito de dizer a nossa maneira de pensar sobre a ciência que é objeto de nossos estudos, e de tratá-la à nossa maneira, não pretendendo impor nossas ideias a quem quer que seja, nem apresentá-las como leis. Os que partilham da nossa maneira de ver o fazem porque creem, como nós, nela estar a verdade. O futuro mostrará quem está errado e quem tem razão.

Allan Kardec
Revista Espírita Nov. 1859

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.