O tempo do Senhor
Irmão X.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer, pois tudo o que o homem semear, isso mesmo ceifará. (Gal - 6:7)
Nota:(*) Comunidades Jamaicas: - Habitantes nativos da região.RDB
“Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vitimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mal proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes em seus filhos porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germes do orgulho, do egoísmo, e da tola vaidade, que produzem a secura no coração; depois mais tarde, quando colhem o que semeiam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.”
“Ainda nenhuma filosofia pode resolver, anomalias que nenhuma religião pode justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, e se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente indeterminada após a permanência de alguns instantes na terra... Todavia, em virtude do axioma segundo o qual “todo efeito tem uma causa”, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa, e desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa.”
“Por outro lado, diz o codificador, não podendo Deus punir alguém pelo que fez, nem, pelo mal que não fez, se somos punidos é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma alternativa a que ninguém pode fugir e nem que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus. O homem, pois, nem sempre é punido completamente em sua existência atual; mas, não escapa nunca às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo de que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio, que, a primeira vista, parece imerecido, tem sua razão de ser e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: “Perdoa-me Senhor, porque pequei”.
As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.
Questão nº 938 (O Livros dos Espíritos)
No extenso dicionário das mazelas humanas, a ingratidão ocupa lugar de destaque.
Na indiferença ante benefícios reçebidos e nas ações que representam uma omissão diante de eventuais necessidades do benfeitor ou até mesmo venham a prejudicá-lo, temos flagrantes demonstrações do egoísmo humano.
Tudo isso está presente na mais execrável e comprometedora ingratidão: a dos filhos.
Impossível efetuar um levantamento completo dos benefícios que recebemos de nossos pais, particularmente na infância. É preciso que tenhamos nossos próprios filhos para que possamos avaliar devidamente o assunto.
Não há sacrifícios em favor de alguém que se comparem aos da solicitude materna. Começam pela gravidez, que altera algo extremamente importante para a mulher - a estética corporal -, impondo-lhe deformações das quais nunca se recuperará plenamente. Depois, as dores do parto, a insegurança diante do recém-nascido, as noites de vigília, a ciranda das fraldas e das mamadeiras, as angústias em face de enfermidades, as preocupações que se estenderão por toda a existência em relação ao bem-estar e à felicidade do filho...
- Minha querida - diz experiente mulher a uma jovem em início de gestação - durma bastante, descanse, curta o prazer de cuidar de si mesma. Faça tudo isso agora porque, quando seu filho nascer, nunca mais você terá uma noite de sono inteiramente tranquilo, nem horas inteiramente suas. Sua vida não mais lhe pertencerá...
Ao pai está reservada idêntica carga de cuidados, não tão envolvente e intensa, mas acrescida do compromisso de trazer para a família “o pão de cada dia”.
No entanto, para muitos casais idosos sobram, na velhice, um fundo de quintal, um asilo de luxo, um progressivo distanciamento.
Com a indefectível racionalização humana, a disfarçar o egoísmo, alegam os filhos problemas de convivência, conflito de gerações, caduquice dos velhos, com o que anestesiam a consciência. Esquecem-se de que os pais não fizeram o mesmo quando o “conflito de gerações” envolvia um casal às voltas com a “caduquice” de pirralhos iniciantes na arte de pensar.
- Eu não pedi a meus pais para vir ao Mundo - justificam muitos ingratos.
Ledo engano!
No Plano Espiritual não só pedimos como, não raro, imploramos a casais em disponibilidade que nos dessem a oportunidade de um retorno às experiências humanas, reconhecendo-as indispensáveis à nossa edificação e à solução de problemas cármicos.
Mas há outro lado da questão.
Curioso observar como as mães mais ternas, mais virtuosas, nunca cobram dos filhos os benefícios que lhes prestam.
É que só podemos cobrar o que vendemos. A mãe não “vende” dedicação ao filho porque o faz por amor, que é, em sua manifestação mais pura, um ato de doação.
Esta é uma lição que deveriamos aprender com as mães, a fim de não reclamarmos quando os beneficiários de nossas iniciativas frustrarem nossas expectativas.
Quem cobra gratidão é mero vendedor de benefícios.
Isto aplica-se a tudo o que fazemos em favor de alguém, no lar, na rua, no local de trabalho, na atividade religiosa, na vida social.
Os melindres, os desentendimentos, as decepções surgem quando cobramos amizade, respeito, compreensão, consideração, daqueles aos quais eventualmente tenhamos beneficiado.
Pomos a perder gratificantes oportunidades de servir porque vendemos muito e doamos pouco, no empório de nossas ações.
Quem se doa, em benefício de um filho, de um amigo, de um necessitado, jamais pensa em retribuição.
A recompensa está na própria doação, já que quando assim fazemos, assumimos nossa filiação divina, habilitando-nos a receber em plenitude as bênçãos de Deus, que não se perturba com os ingratos, nem deixa de atendê-los, porquanto, como ensina Jesus, “faz nascer o sol para bons e maus e descer a chuva sobre justos e injustos.
***
O que seria do Cristianismo se Jesus, magoado com a ingratidão dos homens, com a multidão que o insultara, com os amigos que o abandonaram, com os discípulos que se acovardaram, recusasse comparecer ao colégio apostólico, após a crucificação?
E o que fez, diante dos companheiros assombrados com a gloriosa materialização? Revelou-se aborrecido? Criticou-os acremente?
Nada disso!
Jesus simplesmente saudou-os desejando-lhes paz, como nos dias venturosos do passado e, retirando-os do angustiante imobilismo, sedimentou para sempre, em seus corações, a disposição de trabalhar pela edificação do Reino de Deus.
O Mestre demonstrou, em inúmeras circunstâncias, que, se o amor persevera, o ingrato acabará defrontando-se com a própria consciência, que lhe imporá irresistíveis impulsos de renovação.
Chegada a hora do repouso físico não proscreva da sua mente a consciência dos deveres que persegue.
O Espiritismo lhe informa que o parcial desprendimento pelo sono faculta intercâmbio e comunhão espiritual em outra esfera da vida.
O sono é também porta de serviço para o espírito laborioso e útil.
Prepare-se para dormir, diariamente, com a austera compostura mental com que o cristão deve despertar para servir.
Não se deixe conduzir ao leito quando as forças estiverem no ponto final, atirando-se sobre ele como alguém que deseja, desvalorizando-se, encontrar uma lacuna para o esquecimento total.
Antecipe a esse cansaço dez minutos e faça uma revisão do seu dia: elimine os pensamentos deprimentes; adie a solução de problemas inquietantes; anote correções necessárias de serem aplicadas no dia seguinte; considere se as oportunidades voltassem, como você as aproveitaria; ausculte os próprios sentimentos e verifique se valorizou o dia que finda.
Honre uma página edificante, lendo-a, para transmitir ao seu espirito material, utilizável dentro de alguns instantes, quando desprendido pelo sono.
Ore, entregando-se à Misericórdia Divina que lhe propiciará socorro especifico por meio de Benfeitores devotados.
Dormir não ó somente "descansar no sono" ou "passar as noites".
Oferecer ao corpo o repouso necessário pelo sono representa, também, ampliar oportunidades de crescimento em espírito, brindando-se a si mesmo com a salutar ocasião de sintonizar com as ideias altas que você conduz ao leito, quando se prepara para penetrar o Mundo Espiritual.
Porque a censura psíquica o impeça no dia seguinte de evocar o ocorrido durante a noite, não creia em inconsciência total nas horas do sono.
Há sempre ação nos dois planos da vida.
A máquina física prossegue ao controle de automatismos especiais da organização fisiológica enquanto o espirito adere por sintonia ao que lhe apraz, vinculado a comensais da sua infelicidade, que estabelecem sutis linhas de obsessão punitiva, ou atraído a regiões de serviço edificante, graças ao desejo incontido de libertar-se para ser feliz.
Cultive, portanto, antes do repouso, o conhecimento espírita, preparando-se para as horas do sono, pois há também a probabilidade de você, no dia seguinte, não despertar no corpo físico.
As ideias transformam-se em verbo e o verbo é um dos tesouros do Espírito, uma dádiva de Deus a Seus filhos, que podem ofertá-lo sem medo de perda. O Pai, que está nos céus, jamais toma aquilo que oferece por amor. Sua onisciência se resguarda de entregar os valores a quem não está preparado para recebê-lo. Contudo, o Senhor espera de nós os cuidados correspondentes às belezas imortais, cuja expressão relevante é o dom de falar.
Quem usa da palavra sem pensar o que ela significa, e o que pode fazer da distonia nas mentes alheias, quando mal empregada, anda com olhos fechados onde existem inúmeras valas e, algumas delas, de profundidade imprevisível. Se queres educar as tuas conversações com os outros e não sabes por onde começar a disciplina, observa alguns homens que já fazem isso há algum tempo, cola o teu ouvido no que eles dizem, analisa o que eles fazem e tira a tua parte, começando logo a tua corrigenda. Lê livros sobre o assunto e não fiques somente na leitura; estuda, medita e começa, iniciando a mudança no teu falar. Sempre nos primeiros esforços encontrarás dificuldades, mas sem elas, como comprovarias os teus esforços e o teu valor de alma laboriosa em busca da felicidade? Por vezes, até o teu próprio organismo rejeitará as tuas reformas de dicção. Ele não está acostumado com os sons diferentes da música harmoniosa, de uma palavra livre de discórdia, livre de exageros, livre de mentiras desnecessárias, livre de medo, de vingança e de ódio. Ele talvez ande acostumado com o clima da maledicência, com a atmosfera das reclamações indevidas, e, de certo modo, foi instruído por ti nessa escola de ilusões. Cabe a ti, meu filho, educá-lo com perseverança.
Em certos casos, a rejeição pode se transformar em doença, porém, se não soltares as rédeas, como o bom cavaleiro ao cavalo, vencerás, glorificando a Deus, pela oportunidade que tiveste de fazer bem a ti mesmo, com a comunhão das ideias puras, com palavras elevadas. Nada deves asseverar, sem consolidar a tua palavra no bem. Comprova em tua fisionomia, aquilo que falas. As expressões do teu rosto são uma fala sem sons audíveis aos ouvidos da carne; se não modificares a tua aparência, acabarás dizendo o que ela já diz pela mímica da expressão.
Ao levantares pela manhã, recorda a necessidade do bom ânimo, e fixa em tua mente a satisfação, para que o novo dia te premie com novas esperanças.
Se és jovem, não te precipites querendo acelerar o tempo; se os anos já te pesam nos ombros, não esmoreças, nem intentes parar o mesmo tempo; não penses em decadência, nem formules ideias de avanço desordenado. Basta, para um e outro, entender a imortalidade e a eternidade da vida. Avancemos com a feição de Deus, a caminho da luz.
Guarda isso com determinação: a criança, quando nasce, rasga o véu da atmosfera da expectativa que a espera, com a palavra em forma de choro, e o moribundo tem sempre o último dizer. A boca é o instrumento do princípio e do fim. Tens, do berço ao túmulo, um caminho mais ou menos longo, para que eduques o dom de falar, abrindo com isso um roteiro para outras vidas, que te esperam em mais claro alvorecer.
Se soubesses o quanto pesa na tua vida o que falas, terias maior cuidado no dizer e, quanto mais cresce a alma na escala evolutiva, mais grava no tempo e no espaço o que fala. Vejamos uma mostra do que falamos nessa mensagem: "Passarão o céu e a Terra, porém, as minhas palavras não passarão" — Marcos, 13:31.
As palavras são sementes de vida quando provêm de Deus, mas são dardos de fogo quando nascem de sentimentos controvertidos pela ignorância. Comunguemos nossas ideias com os pensamentos de Cristo e falemos, falemos da vida, do amor, da alegria e da esperança, para que os nossos corações possam pulsar ao ritmo da luz, na eternidade de Deus.
Lembro-te, velho amigo, a triste liderança...Ajudas-te ao corcel... O corcel rincha e voa...Ordenas atacar, a trombeta ressoa...Levas contigo a morte e o sofrimento avança.Aniquilas a vida, extingues a esperança...Matas, feres, destróis, envileces à-toa...Fazem-te chefe e rei, guardas cetro e coroa,Mas, em plena vitória, o túmulo te alcança!...Depois de tanto tempo, achei-te reencarnado;Mendigo sem ninguém, redimes o passado...Dói-me fitar-te a lepra em calvário imprevisto...Entretanto, bendize a dor que te consterna,Por ela, ascenderás à luz da vida eterna,Para servir ao Bem, entre as hostes do Cristo!...
(Versos dedicados a um companheiro que conheci, há quatro séculos, na condição de guerreiro eminente e rei triunfante, amigo esse que teve a infelicidade de abusar do poder, na prática do mal, e que hoje reencontrei reencarnado, na posição de mendigo, entregue a dolorosas provações, na via pública).
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