quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A ditadura do ego

A ditadura do ego

Joanna de Ângelis



Estabeleceu-se, ao largo dos tempos, que o indivíduo dotado de personalidade é aquele em quem o ego exerce predominância.

O seu caráter forte deve assinalar-se pela força do seu querer e do seu poder, graças a cujos valores tem facilidade para vencer obstáculos e triunfar no grupo social no qual se encontra.

Aqueloutros, no entanto, que são portadores de sentimentos nobres e gentis, possuidores da capacidade de servir e de amar, são tidos como portadores de fraquezas, e, muitas vezes, são encarados como vítimas de distúrbios de conduta psicológica.

O indivíduo forte e valoroso, nesse conceito, é aquele que se destaca pela firmeza e mesmo pela prepotência que exterioriza em relação aos demais.

A primazia do ego, no entanto, é defluente da construção dos interesses pessoais imediatos, em detrimento daqueles de natureza geral, de maior amplitude social e humana.

Em face da ilusão sobre a permanência do conjunto somático em que o Espírito se movimenta na Terra, fixam-se-lhe equivocadas impressões de perenidade em torno de tudo quanto, afinal, é transitório.

A ideia falsa em torno do prazer estimula a ambição pela posse e a consequente conduta que impõe o amealhar de coisas a que atribuiu exagerado valor.

É essa sensação da posse que desenvolve a ditadura do ego no comportamento dos indivíduos e das coletividades.

O ego, no entanto, não passa de um constructo mental destituído de realidade.

Quando acredita que o corpo é seu, que suas são a consciência e demais expressões da vida física, emocional e mental, demonstra a incoerência em que se sustenta, porquanto é incapaz de comandá-los, sendo, pelo contrário, dirigido pelas suas forças biológicas.

Nada obstante, a educação incorreta que lhe trabalhou a personalidade, gera dificuldades nos relacionamentos e os apegos produzem inveja, competição, insegurança, geradores de sofrimentos desnecessários. Esse sofrimento é sempre resultado da constatação da impermanência das posses e dos limites que as caracterizam, porque são impróprias para preencher o vazio existencial, trabalhar a harmonia interna, satisfazer as ambições que sempre se renovam e se multiplicam em incessante sofreguidão...

O portador de um ego acentuado, quando observa uma obra de arte que o deslumbra, sente o desejo de possuí-la. Antes, porém, de fazê-lo, se por qualquer ocorrência a mesma se arrebenta ou incendeia, é tomado por um sentimento de frustração e de pena, logo seguindo adiante. No entanto, se a houvesse adquirido antes e a visse destruir-se, a dor moral pela perda seria de grande porte, dando lugar à sensação de vulnerabilidade e de incapacidade para deter o que lhe escapou das mãos.

Ninguém, desse modo, é dono de nada, possuindo somente aquilo que não lhe pode ser tomado ou destruído, que tem inquestionável existência real.

Muitas vezes, um choque, um encontrão com outrem, ou um golpe qualquer, mesmo não intencional, produz dor, tornando-se lamentável ocorrência, porém, a irritação que de algo tão sem importância resulta gera ulceração no ego, que é tomado de revoltas e sente-se magoado. Isto porque, a dor física logo passa, mas o ego ferido guarda ressentimento, desejo de desforço, aborrecimento...

Tudo, portanto, no mundo objetivo, é ilusão, e essa é a grande responsável pelo desejo que se frustra e produz sofrimento.

A superação do ego torna-se essencial para a aquisição da felicidade, da alegria de viver, do bem-estar.

O que se tem transita por várias mãos, entretanto, o que se é, resultado das aquisições morais, torna-se permanente, proporciona harmonia e predispõe ao prosseguimento das realizações.

Há uma necessidade inconsciente no ego para possuir, para apegar-se, para lutar pela posse, para gerar conflitos e dominar.

Fixado na aparência das coisas, esquece-se da essência, do conteúdo de tudo, da finalidade existencial que é maior do que a transitória jornada física.

Quando o ser se conscientiza de que se encontra no mundo em aprendizagem de rápido curso, consegue valorizar o que tem significado real e aquilo que somente se expressa em aparência.

A liberdade pela qual todos lutam, a fim de consegui-la, deve iniciar-se no íntimo, mediante a superação da posse das suas mazelas que fortalecem os sentimentos egotistas e aprisionam nas paixões do ter,  usando o de que se dispõe e liberando-se da sua dominação, consegue-se, a pouco e pouco, vencer o tormento íntimo que escraviza as pessoas às coisas, às circunstâncias e às posições, facultando trânsito ideal por todo lado.

Jesus, por exemplo, sendo o Senhor do Orbe, esteve entre os homens e as mulheres, alimentou-se com eles, conviveu e sofreu, sempre livre, totalmente voltado para a Realidade espiritual.

A Sua herança para a humanidade foram os exemplos, os ditos e os não ditos, o poema de vida e de amor que ainda hoje iluminam as mentes e harmonizam os corações que O buscam.

Estimar as coisas sem as supervalorizar, considerando que o tempo as modifica, as destrói, as consome, é a melhor conduta.

Quando se está fixado somente nelas, ainda se estagia na infância espiritual.

É a ilusão que se mantém em torno das posses que se transforma em dor e angústia, quando a realidade se apresenta. Não apenas em relação ao ter, mas também no que diz respeito a determinadas sensações do prazer nos relacionamentos, nas afeições, nas posições de destaque, na exibição de títulos e valores, no apego ao eu transitório.

- Acumulai tesouros nos Céus – disse Jesus – onde nem a traça, nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam, porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (Mateus: 8: 20 e 21).

Onde se situa o ego, senão na área da imaginação?!

Ele não tem existência real, semelhando-se à névoa que o Sol dissolve, à sombra que a luz anula, ao sonho que a realidade dilui...

O esforço em favor do autoconhecimento que ajuda a discernir aquilo que é utópico do verdadeiro, é que traça o caminho para uma existência saudável e feliz.

O antídoto, portanto, do ego na sua ditadura existencial, é o amor na sua gloriosa missão de despertamento da consciência para o altruísmo, para a ideal convivência com o outro, o seu próximo, para a valorização do que é de significado real e permanente.

Buscar, portanto, o reino de Deus, que também se encontra no imo, é o recurso mais eficaz para libertar-se da infeliz ditadura que amarfanha os sentimentos e entenebrece a razão...

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro: 
Atitudes renovadas

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