domingo, 30 de março de 2025

Cooperação e Participação

Cooperação e Participação

Hammed

"A hipótese zoológica que encara o homem como descendente de uma raça símia, antropoide, não é imoral nem antiespiritualística. Os que a abraçaram nestes últimos tempos não o fizeram com o propósito de hostilidade ao Cristianismo e por professarem doutrinas pagãs." - CAMILLE FLAMMARION (1)

 

COOPERAÇÃO E PARTICIPAÇÃO

O Espiritismo crê no evolucionismo, que tem por causa uma Inteligência Superior, ao contrário do evolucionismo científico, que dispensa a Mão do Criador. Aceitamos como verdade, portanto, que todos nós, criações e criaturas – inclusive a própria lei da evolução –, somos dirigidos pela Sabedoria Universal. Aliás, é bom lembrarmos a frase “nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre; tal é a lei”, esculpida no frontispício do dólmen de Allan Kardec.

Na atualidade, os primatologistas dedicam incontáveis horas à pesquisa metódica ou à averiguação científica junto aos primatas no campo e em cativeiros, o que lhes permite investigar e instituir as bases evolutivas do comportamento humano.

Os estudiosos da conduta dos antropoides afirmam que, no ambiente selvagem, os chimpanzés caçam juntos, pois eles já notaram que um caçador solitário quase sempre não logra êxito. Isso, porém, não prova que essa espécie de primata, considerada a mais próxima do homem, perceba a cooperação, ou o auxílio mútuo, da mesma maneira que nós, os humanos. Observações científicas atuais demonstram, no entanto, pela primeira vez, que os chimpanzés entendem que o auxílio cooperativo é essencial para assegurar a eficácia de uma ação. Os estudos também mostram que eles, até mesmo sem a expectativa da recompensa ou do prêmio, estão dispostos a colaborar entre si para assegurar o sucesso comum diante de uma empreitada.

Grupos de antropólogos evolucionários contemporâneos (2) submetem chimpanzés a desafios cooperativos a fim de observarem suas reações e condutas. Os cientistas concluíram que, se esses animais percebem que dão conta da tarefa sozinhos, dificilmente pedem ajuda aos outros. Mas quando precisam de apoio, não vacilam: escolhem parceiros que tenham mais possibilidades e sejam mais participativos. Caso os selecionados estejam presos, eles abrem as fechaduras de suas jaulas e os liberam – por reconhecerem nos escolhidos a aptidão para a cooperatividade e por descobrirem que atuando juntos atingirão com mais facilidade o mesmo fim.

Não obstante essas experiências ofereçam o primeiro indício de participação intencional ou cooperação consciente fora da humanidade – e anunciem a probabilidade de que tais aptidões possam ter estado presentes em nosso ancestral comum há milhões de anos –, tal constatação não quer dizer que os chimpanzés consigam se comunicar explicitamente sobre um objetivo comum nem compartilhá-lo, como ocorre entre as criaturas humanas. Entretanto, aí estão os indícios da atuação conjunta entre os primatas não humanos para o alcance de objetivos comuns. De acordo com a confirmação dos pesquisadores, eles agiam, ainda que sem recompensa, sobretudo, visando a seus próprios fins e, continuavam colaborando entre si.

Reconhecer que também pertencemos à árvore dos primatas é o primeiro passo para entender a origem de nosso comportamento e mudar de vez a relação com a vida e com os semelhantes.

O corpo espiritual é quem modela o corpo físico, e tanto um como o outro foram estruturados através dos incontáveis séculos, de forma laboriosa e paulatina, e reelaborados em duas esferas distintas da vida (a física e a espiritual), sob a orientação dos instrutores divinos que supervisionam a evolução terrestre.

Nossa existência na Terra não funciona em regime de separação; em realidade, todos somos participantes de uma Natureza comum, pois tudo o que vemos tem ligação com nós mesmos e com todas as partes do planeta. Os mesmos fundamentos e processos naturais que cooperam para o benefício de uns, cooperam igualmente para o de outros.

É necessário compreender que temos um papel ativo e reativo no espetáculo da vida. Nossa cooperação e participação são imprescindíveis em quase todos os eventos e, por vezes, demoramos a perceber a complexidade da textura existencial. À medida que evoluímos, mais valorizamos nossa ação participativa no cenário universal.

Poucos de nós têm a felicidade de possuir uma clara consciência de nossa ligação com tudo o que é vivo. Temos dificuldade de dividir e prover. A avareza humana não se fundamenta apenas em reter a posse de recursos financeiros, mas também em conter, de modo automático e doentio os conteúdos da própria vida interior. O avarento tem uma sensação ilusória de prejuízo externo, quando, na verdade, o medo é o da perda dos valores internos, já quase inexistentes. Para o mesquinho, partilhar algo ou contribuir para o êxito do semelhante é ter agravada, ainda mais, a ideia fictícia de esvaziamento de bens de capital ou de consumo. Essa perda das coisas concretas representa, inconscientemente, uma subtração do que ele tem de mais íntimo.

Por trás do impulso de conter, existe uma impressão dolorida de empobrecimento, a criatura fica atravancada, agarrada às coisas perecíveis, sem vislumbrar a realidade transcendental que surge a sua frente. Nossa participação nos episódios de hoje terá seu impacto no amanhã de todos. Não podemos viver simplesmente para nós mesmos. Milhares de filamentos invisíveis ligam-nos a outros concidadãos planetários.

O que nos une além das fronteiras físicas diz respeito ao que fazemos em favor da vida das pessoas, da Natureza, enfim, do planeta como superorganismo pulsante, que os antigos chamavam de Gaia. Disse La Fontaine: “Toda força será fraca, se não estiver unida”. Em algum lugar, ou de alguma forma, os eventos mais simples e os fatos aparentemente pueris constituirão partes fundamentais no caminho sagrado de toda a humanidade.

Vivemos atualmente a “ética da exclusão”, e a Vida Maior nos convida a viver a “ética da solidariedade”. Se formos descrentes quanto à eficácia da cooperação, basta imaginar o que aconteceria com um organismo dinâmico, cujos órgãos não trabalhassem em regime de comunhão recíproca.

Em 1863, em Paris, escreveu o espírito Henri Heine a respeito da parábola dos trabalhadores da última hora: “Tal é um dos verdadeiros sentidos desta parábola que encerra, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, o germe do futuro, e também sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação dessa magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no Universo, dessa solidariedade que religa todos os seres presentes ao passado e ao futuro.”  (3)

Somos parte do conjunto planetário. Quando um cresce, não é só ele quem cresce, todos crescem. Pertencemos a muito mais do que nosso círculo de familiares, parentes ou amigos. De certa forma, quando contribuímos para a tarefa de um grupo, beneficiamos inimaginável número de criaturas. Trabalhar em equipe reflete o desígnio e o alvo de Deus para nós.

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto do livro:
Estamos Prontos

Bibliografia:

(1) Flammarion, Camille. Deus na Natureza, 7ª ed., pág. 182, Feb Editora.

(2) Pesquisas realizadas por Alicia P. Melis e Brian Hare no Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, Alemanha, e publicadas na Science Magazine de 3 de março de 2006.

3 Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 3, p. 249, Boa Nova Editora.


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