sábado, 1 de abril de 2017

Palavras de Luz

Palavras de Luz

Teresa d’Ávila




Grande júbilo marcou para nós a noite de 14 de outubro de 1954. Na fase terminal de nossas tarefas, o Espírito José Xavier, através dos canais psicofônicos, avisou-nos fraternalmente:

— “Esforcemo-nos por entrelaçar pensamentos e preces, por alguns minutos, pois receberemos, na noite de hoje, a palavra, distanciada embora, de quem há sido, para muitos de nós, um anjo e uma benfeitora. Nosso grupo, em sua feição espiritual, deve permanecer atento. Neste instante, aproximar-se-á de nós, tanto quanto possível, a grande Teresa d’Ávila e, assim como um grão de areia pode, em certas situações, refletir a luz de uma estrela, nosso conjunto receber-lhe-á a mensagem de carinho e encorajamento, através de fluidos teledinâmicos. A mente do Chico está preparada agora, qual se fosse um receptor radiofônico. 

Repetirá, automaticamente, com certa zona cerebral mergulhada em absoluta amnésia, as palavras de luz da grande alma, cujo nome não ousarei repetir. Rogamos aos companheiros se mantenham em oração e silêncio, por mais dois a três minutos.”

Preparado o grupo, tivemos a felicidade de ouvir a nossa abnegada benfeitora espiritual, cuja mensagem falada nos atingiu os corações, como sendo sublime projeção de amor e luz.

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"Por muito se adiante a alma no tempo, há sempre tempo para que a alma reconsidere a estrada percorrida, abastecendo-se de esperança no amor daqueles a quem ama, assim como o viajante no mar provê a si mesmo de água doce, a fim de seguir à frente.

«Há tempo de semear e tempo de colher» — diz-nos a experiência da Escritura.

E, se juntos partilhamos a promessa, não seria justo olvidarmo-nos uns aos outros no dia da realização.

«Deixai crescer reunidos o trigo e o joio, até que venha a ceifa» recomendou por sua vez o Senhor.

Entretanto, a palavra de sua Sabedoria não nos inclina à indiferença. 

E, lembrando-a, não curamos de ser o trigo porque hoje nos vejamos fora do escuro sedimento da carne e nem insinuamos sejais vós o joio por permanecerdes dentro dela.

Recordamos simplesmente que todos trazemos ainda no campo das próprias almas o joio da ilusão e o trigo da verdade, necessitados da mercê do Celeste Cultivador.

Irmãos, não é apenas por regalar-se o espírito na confiança que se lhe descortinarão as portas da vida glorificada, mas sim por se lhe acendrarem o conhecimento e a virtude, através do trabalho bem sofrido e da caridade bem exercitada.

Outrora, buscávamos a paz na quietude do claustro, na suposição de que a vitória pudesse brilhar a distância da guerra contra as nossas próprias faltas, e disputávamos a posse do santo sepulcro do Excelso Rei, ao preço de sangue e lágrimas dos semelhantes, como se lhe não devêssemos o próprio coração por escabelo aos pés divinos.

Hoje, porém, dispomos de suficiente luz para o caminho e não seria lícito permutar o pão da sabedoria pelo fel da loucura.

Enquanto os séculos de sombra e impenitência se escoam no pó do mundo, preparai nesse mesmo pó, erigido em tabernáculo de carne, os séculos futuros, em que nos reuniremos de novo para a exaltação do triunfo eterno.

Enalteçamos o sacrifício, aprendendo a renunciar para possuir, a perder para ganhar e a morrer para viver.

Por algum tempo ainda padeceremos o cativeiro das nossas culpas e transgressões, mas, em breve, aceitando o trilho escabroso e bendito da cruz, exalçaremos, diante da Majestade Divina, a nossa libertação para sempre.

Que o Senhor seja louvado."

Teresa d’Ávila





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