Perdão: A melhor terapia
Amélia Rodrigues
Extraordinária terapia para a exulceração moral é o perdão.
Elevada expressão do amor, abençoa quem o doa e apazigua aquele que o recebe.
Ninguém há, que passe pela existência corporal, sem necessitar do seu lenitivo.
Sem ele, o clima social se intoxica com os vapores venenosos e os indivíduos se asselvajam, descontrolados; a intolerância extrapola na agressividade e a ira arma o ódio de vingança brutal...
O perdão chega e suaviza a gravidade do delito, auxiliando na reparação, mediante a qual o equivocado se reabilita, alterando a conduta e tornando-se útil à comunidade onde está situado.
Quem perdoa, cresce; quem recebe o perdão, renova-se.
O doador enriquece-se de paz, e o beneficiado recupera o valor para dignificar-se através da reabilitação.
Enquanto o homem não perdoa, permanece no estágio primário da vida, renteando com a barbárie em processo de estagnação.
Aquele que recusa o perdão, duplamente enfermo, padece de hipertrofia dos sentimentos, ruminando desforço, atado a distúrbios da emoção.
Por ser de amor, toda a Doutrina de Jesus é lavrada na conduta do perdão.
Perdoando, o amor enseja refazimento da estrada antes percorrida com desequilíbrio, por cujo esforço a consciência amplia o campo de serviço e se desalgema do remorso, da intranquilidade, do medo...
Não é importante que o outro, o agressor, aceite a vibração luarizadora de quem perdoa, porquanto a ação beneficente é sempre maior e mais útil para quem a exerce. Todavia, se a onda de amor encontra receptividade naquele a quem vai dirigida, mais extraordinários serão os efeitos da doação.
Há reações infelizes que explodem no homem, gerando conflitos como efeito de mágoas não superadas, de receios infundados, de angústias não diluídas.
Aspirando a psicosfera dos ressentimentos e da amargura, o indivíduo apequena-se, envenenando-se e reagindo de forma irracional.
Compraz-se em infelicitar, porque é desditoso; alegra-se em ferir, em razão de estar doente; semeia incompreensões, porque se acredita menosprezado.
A Boa-nova possui um conteúdo de restauração, de enobrecimento, de dignificação.
Ninguém que a recebe, que se não toque da sua magia transcendente.
Protótipo do amor que fecunda o perdão, Jesus transpirava a compaixão com que envolvia todos que d’Ele se aproximavam, sempre compassivo, por conhecer as mazelas humanas e as paixões mesquinhas, dominadoras, que governam os homens.
A Sua presença na Terra era um ato de perdão divino aos delinquentes humanos, que trucidaram os profetas e O crucificariam, sanguissedentos.
Apesar de saber o que O aguardava, pôde amar e perdoar os trêfegos e insensatos com os quais compartiu as Suas horas, ensejando-lhes responsabilidade e elevação.
(...) E mesmo quando foi abandonado e posto na cruz, prosseguiu perdoando, para retornar, após a noite da morte, a fim de positivar a claridade do dia de vida eterna.
As parábolas Lhe escorriam dos lábios como pérolas luminíferas, para adornar as almas em sombras da ignorância.
A Galileia querida, espraiada entre o Mediterrâneo e o mar Morto, ia ficando para trás.
Já não haveria retorno daquela vez.
A Judeia, astuta e perversa, rica de pobreza emocional dignificadora, se tornaria o palco para o grande testemunho, a imolação...
As ciladas armadas pelos inimigos do progresso não O retêm.
Ele desvencilha-se com facilidade, elucidando que “somente lobos caem em armadilhas para lobos”.
Os discursos de amor e de esperança, como onomatopeias da Natureza, vão alcançando as almas, para ficar impressos por todo o sempre nos corações.
“O Reino dos Céus – narrou Sua meiga e poderosa voz – é comparável a um rei que quis tomar conta aos seus servidores.” (Mateus, 18: 23 a 35 - Nota da autora espiritual).
As atenções se fixaram n’Ele, na mensagem de sabor ancestral.
“Tendo começado a fazê-lo – deu prosseguimento, calmo –, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Mas, como não tinha meios de os pagar, mandou seu senhor que o vendessem a ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que lhe pertencesse, para pagamento da dívida. O servidor, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Senhor, tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.” Então, o senhor, tocado de compaixão, o mandou embora e lhe perdoou a dívida.”
O débito era grande e a Lei permitia que toda a família respondesse por ele, podendo ser vendida, a fim de ser resgatado.
O endividado, no entanto, pediu nova oportunidade, prosternando-se e suplicou.
A concessão lhe foi feita com integral dispensa do pagamento.
Uma grande dívida e um largo gesto de perdão.
Embevecidos, os ouvintes acompanharam o acontecimento ali exposto.
“Esse servidor, porém – continuou com tranquilidade –, ao sair, encontrando um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, o segurou pela goela e, quase a estrangulá-lo, dizia: ‘Paga o que me deves.’ O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: ‘Tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.’ Mas o outro não quis escutá-lo; foi-se e o mandou prender, para tê-lo preso até pagar o que lhe devia.”
A maldade é doença cruel.
A intolerância dela se deriva na condição de filha espúria.
A dívida era pequena e a ganância, grande.
Perdoado o devedor em uma grande soma, não teve misericórdia do outro que lhe devia uma inexpressiva quantia.
A falta de compaixão enlouquece e degrada, enquanto o perdão cura e santifica.
“Os outros servidores – adiu, suavemente –, seus companheiros, vendo o que se passava, foram, extremamente aflitos, e informaram o senhor de tudo quanto acontecera. Então, o senhor, tendo mandado vir à sua presença aquele servidor, disse-lhe: ‘Mau servo, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque mo pediste. Não estavas desde então no dever de também ter piedade do teu companheiro, como eu tivera de ti?’ E o senhor, tomado de cólera, o entregou aos verdugos, para que o tivessem, até que ele pagasse tudo o que devia.”
A lição de justiça marcha ao lado do ensinamento do amor.
Recusando-se ao amor, o homem tomba na Lei e sofre-lhe o efeito, pois que somente o amor possui bálsamo para todas as feridas.
Perdoado, não quis perdoar.
Amado, recusou-se a amar.
E concluiu, sábio:
“É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará se não perdoares, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houveram cometido contra cada um de vós.”
No ar ficaram os últimos acordes do extraordinário ensinamento.
Perdoar, do fundo do coração – é a ordem nova –, a fim de ser perdoado.
O calceta, impiedoso e venal, que não perdoa, não mais dispõe da liberdade, reencarnando-se encarcerado na dor até que pague toda a dívida.
O perdão concede a liberdade, enquanto a exigência aprisiona.
A música da Mensagem permaneceu no ar, anunciando a vitória do amor e do perdão como sublimes terapias para a felicidade humana.
Amélia Rodrigues por Divaldo Franco do livro:
Pelos Caminhos de Jesus
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