Confiemos, servindo
Leopoldo Cirne
Asseveras que na Terra atual não há mais cabimento para o ensino religioso do Espiritismo, minudenciando as elevadas conquistas da técnica em todos os departamentos do mundo.
Todavia, nunca se fez tão premente, quanto nos dias que passam, a ideia religiosa capaz de doar, às consciências entorpecidas na negação, a fé raciocinada e a confiança consoladora.
Dotados de preciosa cultura e multímodas invenções, notáveis recursos de conforto e transcendentes avanços industriais e artísticos, os povos maiores por seus maiores líderes, quais ceifeiros da morte, prometem ameaçadoramente à Humanidade a obsessão indiscriminada e a volta aos instintos primários honorificando a carnificina no orgulho sem lógica e no egoísmo sem peias.
Vaticinam, não mais batalhas que se retraem hoje para avançar amanhã... Auguram destruições instantâneas, maciças, irrevogáveis...
Profetizam, não mais as escaramuças em retaguardas e frentes, mas a guerra integral que aniquila a vida de agora, desfaz as conquistas pretéritas e entrevece o futuro, no delituoso propósito de extirpar as raízes da espécie humana e empeçonhar os próprios ninhos planetários que se avizinham de nós.
Asseguram a corrupção da chuva simples e benfeitora, transformada em agente da morte invisível, no prélio sinistro onde não só os vivos arrasariam, porquanto até mesmo cadáveres e escombros continuariam exterminando vidas como repositórios inapercebidos do terrificante miasma atômico.
Anunciam a moradia terrestre subvertida por assalto irremediável de imensos cogumelos venenosos a mumificarem países e a esquartejarem continentes, no grande ciclo de insofreável pavor.
Predizem, além das trincheiras das discussões na discórdia fria, a desvairada segadura das vidas nas hecatombes do suicídio coletivo, a fazerem descer insensatamente, sobre o Globo, a noite fumenta da loucura em que se repoltreiam as Inteligências das trevas.
Prenunciam o embate sem vencedores, a oficializar pesadelos em dilúvios radioativos, sem refletir que toda sementeira de ruínas traz inevitável colheita de Espíritos dementados, a pesarem na economia mental das criaturas.
Pressagiam apoteoses apocalípticas, aspirando a fazer da Terra imenso obus — bombarda viva da morte —, para canhonear pretensiosamente o próprio Criador.
Em razão disso, importa reconhecer que o homem — cérebro de gênio e coração de bárbaro —, embora içado ao pináculo da grandeza material, ainda nem sabe ao certo o que não sabe, pois ignora a extensão da própria ignorância, ante a excelsa magnitude do Universo de que é parte integrante.
Eis porque, a pregação religiosa do Espiritismo antídoto humilde, mas poderoso, ao pânico e à demência, rasga os horizontes da sobrevivência da alma com o sopro da Verdade a varrer a poalha das ilusões, provando ao homem que a conquista maior e mais grave, mais urgente e mais necessária, em qualquer tempo e lugar, é a conquista individual de si mesmo, para o engrandecimento do Bem Eterno.
Confiemos, servindo.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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