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domingo, 28 de maio de 2023

Influência da mídia no processo de identificação do adolescente

Influência da mídia no processo de identificação do adolescente

Joanna de Ângelis




Em um mundo que, a cada instante, apresenta mudanças significativas, o processo de identificação do adolescente faz-se mais desafiador, em razão das diferenças de padrões éticos e comportamentais.

Os modelos convencionais, vigentes, para ele, são passíveis de críticas, em razão do conformismo que predomina, e aqueles que são apresentados trazem muitos conflitos embutidos, que perturbam a visão da realidade, não sendo aceitos de imediato.

Tudo, em torno do jovem, caracteriza-se por meio de formas de inquietação e insegurança. 

No lar, as imposições dos pais, nem sempre equilibrados, direcionados por caprichos e interesses, muitas vezes, mesquinhos, empurram o jovem, desestruturado ainda, para o convívio de colegas igualmente imaturos. Em outras circunstâncias, genitores irresponsáveis transferem os deveres da educação a funcionários remunerados, ignorando as necessidades reais dos filhos, e apresentando-se mais como fornecedores de equipamentos e recursos para a existência, do que pessoas afetuosas e interessadas na sua felicidade, dão margem a sentimentos de rancor ou de imediatismo contra a sociedade que eles representam. Ademais, nas famílias conflituosas, por dificuldades financeiras, sociais e morais ou todas simultaneamente, o adolescente é obrigado a um amadurecimento precipitado, direcionando o seu interesse exclusivamente para a sobrevivência de qualquer forma, em considerando a situação de miséria na qual moureja.

Eis aí um caldo de cultura fértil para a proliferação de desequilíbrios, expressando-se nos mais variados conflitos, que podem levar à timidez, ao medo, às fugas terríveis ou à agressividade, ao desrespeito dos padrões éticos que o jovem não compreende, porque não os vivenciou e deles somente conhece as expressões grosseiras, decorrentes das interpretações doentias que lhes são apresentadas.

A soma de aflições que o assalta é grande, aturde-o, trabalhando a sua mente para os estereótipos convencionais de desgarrados, indiferentes, rebeldes, dependentes, que encontra em toda parte, e cujo comportamento de alguma forma lhe parece atraente, porque despreocupado e vingativo contra a sociedade que aprende a desconsiderar.

Nesse contubérnio de observações atormentadas, a mídia, desde os primeiros dias da sua infância, vem exercendo sobre ele uma influência marcante e crescente.

De um lado, no período lúdico, ofereceu-lhe numerosos mitos eletrônicos, agressivos e cruéis em nome do mal que investe contra o bem, representados
por outros seres de diferentes planetas que pretendem salvar o universo, utilizando-se, também, da violência e da astúcia, em guerras de extermínio total. Embora a prevalência do ídolo representativo do bem, as imagens alucinantes do ódio, da perversidade e das batalhas intérminas plasmam no inconsciente da criança mensagens de destruição e de rancor, de medo e de insegurança, de fascínio e interesse por essas personagens míticas que, na sua imaginação, adquirem existência real.

Outros modelos da formação da personalidade infantil, apresentados pela mídia, têm como característica a beleza física, que vem sendo utilizada como recurso de crescimento econômico e profissional, quase sempre sem escrúpulos morais ou dignidade pessoal. O pódio da fama é normalmente por eles logrado a expensas da corrupção moral que viceja em determinados arraiais dos veículos da comunicação de massa. É inevitável que o conceito de
dignidade humana e pessoal, de harmonia íntima e de consciência seja totalmente desfigurado, empurrando o jovem para o campeonato da sensualidade e da sexualidade promíscua, em cujo campo pode surgir oportunidade de triunfo... triunfo da aparência, com tormentos íntimos sem conta.

A grande importância que é dada pela mídia ao crime, em detrimento dos pequenos espaços reservados à honradez, ao culto do dever, do equilíbrio, estimula a mente juvenil à aventura pervertida, erguendo heróis-bandidos, que se celebrizam com a rapidez de um raio, que ganham somas vultosas e as atiram fora com a mesma facilidade, excitando a imaginação do adolescente.

Ainda, nesse capítulo, a supervalorização de determinados ídolos dos esportes, de algumas artes, embora todos sejam dignos de consideração e respeito, proscrevem o interesse pelos estudos e pela cultura, pelo trabalho honesto e sua continuidade, deixando a vã perspectiva de que vale a pena investir toda a existência na busca desses mecanismos de promoção que, mesmo alcançados tardiamente, compensam toda uma vida terrena. Esse paradoxo de valores, naturalmente, afeta-lhe o comportamento e a identidade.

É evidente que a mídia também oferece valiosos instrumentos de formação da personalidade, da conquista de recursos saudáveis, de oportunidades iluminativas para a mente e engrandecedoras para o coração.

Lamentável, somente, que os espaços reservados ao lado ético e dignificante do pensamento humano, próprio para a formação da identidade nobre dos adolescentes, sejam demasiado pequenos e nem sempre em forma de propostas atraentes, na televisão, por exemplo em horários nobres e compatíveis, como um eficiente contributo para a aprendizagem superior.

As emoções fortes sempre deixam marcas no ser humano, e a mídia é, essencialmente, um veículo de emoções, particularmente no seu aspecto televisivo, consoante se informa que uma imagem vale mais que milhares de palavras, o que, de certo, é verdade. Por isso mesmo, a sua influência na formação e na estruturação da personalidade, da identidade do jovem é relevante nestes dias de comunicação rápida.

As cenas de violência, associadas às de deboche, às de supervalorização de indivíduos exóticos e condutas reprocháveis, de palavreado chulo e de aparência vulgar ou agressiva, com aplauso para a idiotia em caricatura de ingenuidade, despertam, no adolescente, por originais e perversas, um grande interesse, transformando-se em modelos aplaudidos e aceitos, que logo se tornam copiados.

É até mesmo desculpável que, na área dos divertimentos, apresentem-se esses biótipos estranhos e alienados, mas sem que sejam levados à humilhação, ao ridículo... O desconcertante é que enxameiam por todos os lados e alguns deles se tornam líderes de auditórios, vendendo incontável número de cópias das suas gravações e cerrando os espaços que poderiam ser ocupados por outros valores morais e culturais, que ficam à margem, sem oportunidade.

Falta originalidade nos modelos de comunicação, que se vêm repetindo há décadas, assinalados pelos mesmos conteúdos de vulgaridade e insensatez, mantendo a cultura em baixo nível de desenvolvimento.

Essa influência perniciosa, que a mídia vem exercendo nos adolescentes, qual ocorre com os adultos e crianças também, estimulando-os para o lado mais agitado e perturbador da existência humana, pode alterar-se para a edificação e o equilíbrio, na medida que a criatura desperte para a construção da sociedade do porvir, cuidando da juventude de todas as épocas, na qual repousam as esperanças em favor da humanidade mais feliz e mais produtiva.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Adolescência e Vida

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